quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Estrela de maior massa do Universo...


Astrônomos encontram a estrela de maior massa do universo

Astrônomos britânicos descobriram o que se acredita ser a estrela de maior massa do universo. De acordo com os cientistas, a massa atual do astro é 265 vezes maior que a do Sol e a luminosidade cerca de 10 milhões de vezes mais intensa.
Usando o Telescópio Extremamente Grande, no Chile, da Organização Europeia para a Investigação Astronômica no Hemisfério Sul (ESO, na sigla em inglês) – que reúne 14 países – e informações de arquivo capturadas pelo telescópio espacial Hubble, da agência americana (Nasa), a equipe liderada pelo astrofísico Paul Crowther, da Universidade de Sheffield, calculou que a massa da estrela gigante teria sido 320 vezes maior que a do Sol no momento de sua formação, número que também é o dobro da estrela de maior massa anteriormente conhecida.
A estrela, batizada de R136a1, faz parte do aglomerado de estrelas jovens RMC 136a. Os astrônomos também encontraram outras estrelas imensas no aglomerado NGC 3603.
Ambos aglomerados foram apelidados de “fábricas de estrelas”, já que novos astros se formam constantemente a partir da extensa nuvem de gás e poeira das nebulosas.
O NGC 3603 fica a 22 mil anos-luz do sol, na Nebulosa da Tarântula, e o RMC 136a fica em uma galáxia vizinha à nossa, a 165 mil anos-luz de distância, a Grande Nuvem de Magalhães.
Segundo o artigo publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, a expectativa é de que estrelas colossais como as encontradas existam apenas durante alguns milhões anos, antes de explodirem.
A existência de estrelas como essas, afirmam astrônomos, era mais comum no início do universo.
Embora a R136a1 seja a estrela de maior massa já encontrada, outras estrelas menos densas e com diâmetros maiores que a dela já eram conhecidas pelos astrônomos.
Planetas
Ainda segundo os cientistas, é pouco provável que alguma dessas estrelas venha a ter planetas orbitando a seu redor, já que demoram mais tempo para serem formados que a "curta" vida das estrelas.
Muitas das estrelas observadas têm temperatura superior a 40 mil graus centígrados – mais de sete vezes superior à temperatura do Sol – além de serem dezenas de vezes maiores e milhões de vezes mais brilhantes que o astro.
“Ao contrário dos humanos, essas estrelas nascem pesadas e vão perdendo peso ao envelhecer”, disse Crowther.
“Com um pouco mais de um milhão de anos, a estrela mais extrema, a R136a1 já está na ‘meia idade’ e passou por um programa intenso de ‘emagrecimento’, perdendo mais de um quinto de sua massa inicial neste período, ou mais de 50 massas solares.”
Se a R136a1 substituísse o Sol em nosso Sistema Solar, “a sua grande massa reduziria a duração de um ano na Terra para apenas três semanas e banharia o planeta em uma radiação ultravioleta incrivelmente intensa, tornando a vida impossível em sua superfície”, afirma Raphael Hirschi, da Universidade de Keele, integrante da equipe.
Estrelas como essas são extremamente raras e se formam apenas nos aglomerados estelares mais densos.
Se houvesse algum planeta dentro do aglomerado RMC 136a, o céu nunca escureceria, já que a densidade de estrelas na região é 100 mil vezes maior do que em torno do Sol e muitas delas são extremamente brilhantes.
A descoberta ainda confirmou a hipótese anterior dos astrônomos, de que há um tamanho máximo para estrelas, e a R136a1 levou os cientistas a estenderem este limite

FONTE:

Água mineral na Lua...



Lua tem água mineral
Análise feita em rocha trazida da Lua confirma a existência de hidroxila no interior do satélite. Presença de água facilita a instalação de base lunar (Nasa)

Divulgação Científica

Lua tem água mineral

22/7/2010
Agência FAPESP – A Lua não é tão árida como se pensava. Ainda que não se encontrem oceanos, lagos ou mesmo uma poça em sua superfície, a água está presente no satélite terrestre. Após a descoberta de gelo em 2009, agora um grupo de pesquisadores acaba de identificar grupos de hidroxila em uma rocha lunar.
Segundo o estudo, publicado na edição desta quinta-feira (22/7) da revistaNature, a presença do radical composto por oxigênio e hidrogênio confirma a existência de água em minerais no satélite terrestre. A rocha analisada foi trazida pelo programa Apolo.
“A Lua, considerada desprovida de materiais hídricos, tem água”, disse John Eiler, professor de geologia e geoquímica no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), um dos autores do estudo.
Os pesquisadores se surpreenderam ao conseguir medir quantidade significativa de água em um mineral lunar. O grupo encontrou água em apatita, um mineral do grupo dos fosfatos, dentro de um basalto coletado por astronautas.
Para ser mais exato, eles não encontraram água, ou seja, a molécula H2O, mas hidrogênio na forma de um ânion hidroxila (OH-). “Hidróxido é um parente químico próximo da água. Se aquecermos a apatita, os íons hidroxila serão ‘decompostos’ e formarão água”, explicou outro autor da pesquisa, George Rossman, professor de mineralogia da Caltech.
A rocha lunar examinada agora foi trazida em 1971 por astronautas da Apolo 14. A proposta de procurar água na amostra foi de Larry Taylor, professor da Universidade do Tennessee, que enviou amostras ao grupo na Caltech para análise.
Mas a ideia de procurar água em apatita não era nova. “Charles Sclar e Jon Bauer, da Universidade Lehigh, notaram que algo estava faltando nos resultados das análises químicas feitas em 1975. Agora, 35 anos depois, somos capazes de fazer medições adequadas e vimos que eles estavam certos. A peça que faltava era a hidroxila”, disse Jeremy Boyce, outro autor do estudo na Caltech.
O grupo investigou a rocha lunar em busca de sinais de hidrogênio, enxofre e cloro por meio de uma microssonda iônica, capaz de analisar grãos de materiais com tamanhos muito menores do que a espessura de um fio de cabelo humano.
As análises mostraram que, em termos da presença de tais elementos, a apatita lunar é semelhante à encontrada em rochas vulcânicas na Terra. “Há mais água na Lua do que se imaginava, mas ainda assim em ordens de magnitude muito inferiores às da Terra”, disse Eiler.
A existência de vulcões na Lua há mais de 4 bilhões de anos deu aos cientistas a pista de que a água poderia estar presente em minerais lunares, uma vez que as dinâmicas dos vulcões terrestres são principalmente dirigidas pela água.
A possibilidade de extrair água no subterrâneo da Lua amplia as chances de instalar bases humanas no satélite. Levar água da Terra é um dos principais obstáculos para a permanência do homem na Lua, uma vez que o custo atual é superior a US$ 50 mil por litro transportado.
O artigo Lunar apatite with terrestrial volatile abundances (doi:10.1038/nature09274), de Jeremy Boyce e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Planeta com cauda de cometa


Planeta com cauda de cometa
Cientistas observam que o planeta HD 209458b, um gigante gasoso a 153 anos-luz da Terra, tem atmosfera superquente e perde material deixando um rastro no espaço (Nasa)

Divulgação Científica

Planeta com cauda de cometa

21/7/2010
Agência FAPESP – Por meio de observações com o telescópio Hubble, da Nasa, a agência espacial norte-americana, um grupo de astrônomos confirmou a existência de um objeto extremamente quente ao qual chamaram de “planeta cometário”.
O motivo é que o HD 209458b, seu nome oficial, lembra um cometa. Trata-se de um gigante gasoso que está em uma órbita tão próxima de sua estrela que sua atmosfera aquecida está se esvaindo no espaço.
Segundo o estudo, publicado no The Astrophysical Journal, ventos estelares poderosos estão soprando material da atmosfera e deixando-o para trás na forma de uma cauda de um cometa.
“Desde 2003, cientistas têm teorizado que a massa perdida [do HD 209458b] está sendo empurrada em uma cauda e até mesmo calcularam como ela seria. Achamos que encontramos a melhor evidência observacional até o momento para apoiar essa teoria”, disse Jeffrey Linsky, da Universidade do Colorado em Bouder, líder do estudo.
O HD 209458b está a 153 anos-luz da Terra e pesa pouco menos do que Júpiter, mas está cerca de cem vezes mais perto de sua estrela do que a distância do Sol para o maior planeta de seu sistema.
O planeta cometário completa uma volta em torno de sua estrela em apenas 3,5 dias. No Sistema Solar o período orbital mais curto é o de Mercúrio, com 88 dias.
Linsky e colegas detectaram elementos pesados, como carbono e silício, na atmosfera de mais de 1.000 ºC do planeta. Segundo eles, isso implica que a sua estrela está aquecendo toda a atmosfera e fazendo com que os elementos químicos mais pesados escapem.
O artigo Observations of Mass Loss from the Transiting Exoplanet HD 209458b (vol.717, doi:10.1088/0004-637X/717/2/1291), de Jeffrey Linsky e outros, pode ser lido por assinantes do The Astrophysical Journal emhttp://iopscience.iop.org/0004-637X/717/2/1291

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Carbono 14; A idade das múmias

Carbono 14

Como saber a idade das múmias do Egito?

Erivanildo Lopes*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação do UOL
Reprodução
O carbono 14 encontrado no corpo de uma múmia permite determinar a sua idade
É quase impossível que uma pessoa minimamente informada não saiba, nos dias atuais, algo sobre as múmias do antigo Egito. Normalmente, quando se fala na civilização egípcia, já vem à cabeça das pessoas tesouros, mistérios e maldições. Isso é muito potencializado pelos filmes de Hollywood, como "A múmia" e "O retorno da múmia". Essas produções hollywoodianas são exemplos do fascínio que aquela antiga civilização desperta no mundo ocidental. Agora, como é possível saber a idade de uma múmia?

datação desses fósseis, como as múmias, geralmente é feita por meio do processo da quantificação de um tipo de carbono existente nos corpos dos animais e plantas em geral, ocarbono 14. Esse elemento é, na verdade, umisótopo do carbono 12 e do carbono 13

Cientificamente, significa dizer que o carbono - que tem número atômico fixo 6 (Z=6), o que equivale ao número de prótons do átomo - tem sua massa atômica (massa de prótons e nêutrons juntas) variável, ou seja, ela varia de acordo com as massas. Temos o carbono 12, que representa 98,9% de todo carbono na Terra, o carbono 13, que é encontrado a 1%, e o carbono 14, este em menor quantidade entre os três.

Características do carbono 14

A datação dos fósseis em geral é possível devido à peculiaridade do carbono 14 (C-14) ser radioisótopo ou simplesmente radioativo. Fenômeno que se caracteriza pela emissão de radiação alfa (α), composta por núcleos de hélio (He), radiação beta (β), composta de elétrons, e radiação gama (γ), uma forma de radiação eletromagnética parecida com raios X, porém mais energética. 

Esse processo acaba por produzir outro fenômeno relacionado à radiação, odecaimento radioativo, que é o resultado de uma transformação natural de um isótopo de um elemento químico em um isótopo de outro. O processo se dá de modo natural até que a série radioativa alcance um elemento não radioativo. Ou seja, após o processo temos outro tipo de elemento.

O C-14 é produzido por reações nucleares resultantes do bombardeamento de nitrogênio 14 (N-14) por nêutrons presentes nos raios cósmicos na atmosfera. Depois de formado, o C-14, interagindo com gás oxigênio em condições específicas, sofre oxidação e forma o composto CO2, que, por sua vez, acaba circulando pela atmosfera, pela litosfera e pela biosfera.

Os seres vivos recebem o C-14 por meio do alimento e da água, mantendo um nível constante dele no corpo. Enquanto existir vida a porcentagem de C-14 no organismo da planta ou do animal será igual à porcentagem presente na atmosfera. Quando o ser morre, esse equilíbrio é perturbado, pois não há mais o acúmulo de carbono, porém o decaimento radiativo é mantido. 

Contudo, essa atividade diminui com o passar do tempo. Após 5.730 anos, ela, que era de 14 desintegrações por minuto para cada grama do carbono (14 dpm/g), passa para 7 dpm/g. Em 11.460 anos ela será de 3,5 dpm/g - e assim por diante. Desse modo, quanto maior o período depois da morte, menos material dessa natureza permanece no corpo. Então, a datação é possível por meio da determinação da atividade de C-14 da amostra.

Quando o C-14 não funciona?

Algumas exceções são conhecidas para datação com o C-14, como o fato dos organismos não receberem a quantidade de C-14 igual à média do ambiente, mas estes casos geralmente são facilmente explicados. 

Outra exceção é o caso do C-14 não fornecer resultados confiáveis para materiais com menos de 100 anos, pois ele não terá sofrido decaimento o suficiente para a sua determinação. 

O método também não é adequado para materiais com mais de 40.000 anos. Isso devido ao fato de que após esse período já terão passado 7 meias-vidas do C-14 e seu nível de radiação terá decrescido até quase zero. Já as idades de milhões de anos são baseadas em outros métodos inorgânicos. Porém, as idades determinadas por carbono-14 parecem ser precisas quando comparadas aos nossos relatos históricos.

Manuscritos do Mar Morto e Sudário de Turim

Entre alguns casos em que foi empregada a técnica da datação pelo C-14, pode-se destacar o caso dos manuscritos do Mar Morto (as escrituras mais antigas já descobertas do Velho Testamento). 

A coleção de manuscritos, descoberta por um pastor, teve sua autenticidade comprovada pelo método do C-14 ao se constatar a atividade do carbono radioativo em 11 dpm/g. Após calculo, verficou-se a idade de 2.000 anos, comprovando que os manuscritos do Mar Morto remontam ao tempo em que Cristo viveu.

Em outro caso chegou-se a uma conclusão diferente da obtida na análise dos manuscritos. O teste com o C-14 no Sudário de Turim, supostamente o manto que recobriu o corpo de Cristo após sua morte, mostrou que o linho utilizado na confecção do manto tinha sua origem entre os anos 1260 e 1390. Portanto, não poderia ser o sudário que recobrirá o corpo de Jesus. Essa conclusão é resultado de polêmica até os dias de hoje. 

Ainda que os resultados do método de datação do C-14 provoquem polêmicas, ele é largamente empregado na arqueologia e na antropologia para a determinação da idade aproximada de diversos fósseis. As múmias características da civilização egípcia podem ter suas idades verificadas por esse método, pois o período do Antigo Egito, segundo historiadores e arqueólogos, compreendeu o período de 4.500 a.C. a 641 d.C., ou seja, dentro do intervalo de datação do C-14. 

Bibliografia



  • FARIAS, R. F. A química do tempo: carbono 14. QNesc, v.16, 6-8, 2002.


  • KOTZ, J. C.; TREICHEL, Jr., P. M. Química geral 2 e reações químicas. São Paulo, Pioneira Thomson Learning, 2005. 



  • *Erivanildo Lopes é professor assistente da Universidade Federal da Bahia.
    FONTE:

    quinta-feira, 8 de julho de 2010

    COMO O SOLSTÍCIO OCORRE NO PÓLO SUL; A LUA DO SOL

     26.º episódio da série Espaçonave Terra, que mostra as relações entre a Terra, o Sol e os planetas do Sistema Solar, e as conseqüências dessa relação para a vida em nosso planeta - cada episódio equivale a uma semana do ano.


    Novas descobertas sobre o Próton



    O próton encolheu
    Cientistas calculam que o próton é 4% menor do que se pensava. Resultado põe em questão a eletrodinâmica quântica, teoria considerada a “joia da física” (ilust.: Nature)

    Divulgação Científica

    O próton encolheu

    8/7/2010
    Agência FAPESP – Um experimento feito há anos pelos físicos de partículas acaba de ser conduzido novamente. Mas, desta vez, o resultado foi inesperado, na contramão dos anteriores. Um grupo internacional mediu o tamanho do próton e verificou que o raio da partícula elementar é 4% menor do que se pensava.
    O estudo é o destaque da capa da edição desta quinta-feira (8/7) da revistaNature. De acordo com o artigo, o próton é 0,00000000000003 milímetro menor do que, pelo menos em teoria, deveria ser.
    A diferença é ínfima, mas a teoria em questão está longe disso. E o resultado pode implicar que ela, a eletrodinâmica quântica (QED, na sigla em inglês), seria falha. Justo ela, que foi chamada de “joia da física” por um de seus fundadores, o célebre físico norte-americano Richard Feynman.
    A eletrodinâmica quântica basicamente descreve como a luz e a matéria interagem e é a primeira teoria em que se chegou a um bom acordo entre a mecânica quântica e a relatividade especial (publicada por Albert Einstein em 1905).
    A QED descreve matematicamente todos os fenômenos envolvendo partículas com carga elétrica que interagem por meio da troca de prótons e representa a contrapartida quântica da eletrodinâmica clássica, descrevendo a interação entre matéria e luz.
    Encontrar uma diferença em uma das mais bem-sucedidas teorias produzidas pelo homem não estava nos planos dos físicos teóricos. “Trata-se de uma discrepância muito grave. Há algo seriamente errado em algum lugar”, disse Ingo Sick, da Universidade de Basel, na Suíça, à Nature.
    Prótons são um dos constituintes essenciais de todos os núcleos atômicos e, portanto, da matéria. Junto com os nêutrons, formam o núcleo de todo átomo no Universo. Mas, apesar de sua onipresença, o próton continua misterioso para os cientistas. “Sabemos pouco de sua estrutura interna”, disse Randolf Pohl, do Instituto Max Planck de Óptica Quântica, na Alemanha, um dos autores do estudo.
    De longe, o próton parece como um pequeno ponto com carga positiva. Mas, ao ser observado de perto, vê-se que se trata de uma partícula muito mais complexa. Cada próton é composto de partículas fundamentais menores, chamadas quarks.
    Cientistas podem medir o tamanho de um próton ao observar como um elétron interage com ele. Um único elétron orbitando um próton pode ocupar apenas determinados – e discretos – níveis de energia, os quais são descritos pelas leis da mecânica quântica.
    Alguns desses níveis de energia dependem em parte do tamanho do próton e, desde a década de 1960, os físicos têm feito centenas de medidas do tamanho da partícula, cada vez com maior precisão. As mais recentes estimativas, feitas por Sick e seu grupo, calcularam o raio do próton como tendo aproximadamente 0,8768 femtômetro, ou menos da quadrilionésima parte de 1 metro.
    Pohl e colegas chegaram a um valor menor, de 0,84184 femtômetro, ao usar um “primo” do elétron, o múon. Múons são cerca de 200 vezes mais pesados do que os elétrons, sendo portanto mais sensíveis ao tamanho do próton.
    Para medir o raio do próton por meio do uso do múon, os cientistas arremessaram múons em um acelerador de partículas em uma nuvem de hidrogênio.
    O núcleo do hidrogênio é formado por um único próton orbitado por um elétron. Eventualmente, um múon substitui um elétron, passando a orbitar o próton. Com o uso de lasers, o grupo conseguiu medir níveis de energia muônica relevante com extrema exatidão, verificando o raio 4% menor.
    A diferença não é pequena como pode parecer. Na realidade, é tão grande que o grupo simplesmente ignorou os resultados encontrados em experimentos realizados em 2003 e em 2007. “Achávamos que os equipamentos usados então não eram bons o suficiente”, disse Pohl.
    O próton encolheu, mas aumentaram exponencialmente as dúvidas. “E agora? Não sei”, disse Sick. Ele não duvida do resultado, mas afirma não conhecer uma forma de torná-lo compatível com anos de medições anteriores.
    Uma possibilidade é que partículas desconhecidas estariam influindo na interação entre múon e próton. Tais partículas seriam as “superparceiras” das partículas existentes, como previsto pela teoria conhecida como supersimetria, que procura unificar todas as forças fundamentais da física, com exceção da gravidade.
    Mas isso é apenas uma suposição. O que se sabe com certeza é que nos próximos meses os físicos de partículas estarão ocupados passando pente fino nas medições realizadas nas últimas décadas, de modo a tentar encontrar o que pode ter sido feito de errado nos experimentos, inclusive nesse mais recente. Ou, então, concluir que há realmente uma falha na eletrodinâmica quântica.
    O artigo The size of a proton (doi:10.1038/nature09250), de Randolf Pohl e outros, pode ser lido por assinantes daNature em www.nature.com.
    Mais informações sobre o experimento de Pohl e colegas: https://muhy.web.psi.ch/wiki 

    terça-feira, 6 de julho de 2010

    Energia renovável em alta


    Energia renovável em alta na Europa
    Relatório mostra que fontes renováveis somaram 62% da nova capacidade de geração de eletricidade instalada em 2009 nos países da União Europeia (foto: Wikimedia)

    Divulgação Científica

    Energia renovável em alta na Europa

    6/7/2010
    Agência FAPESP – Fontes renováveis responderam por 62% da nova capacidade de geração de eletricidade instalada em 2009 nos países da União Europeia (UE). No ano, em termos absolutos, 19,9% (ou 608 terawatts-hora – TWh) do consumo total de energia na UE (3042 TWh) derivou de fontes renováveis.
    Os dados são do relatório 2010 Renewable Energy Snapshots, publicado pelo Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia –instituição politicamente independente que representa e defende os interesses da UE.
    A energia hidrelétrica respondeu pela maior parcela entre as fontes renováveis, com (11,6%), seguida pelas energias eólica (4,2%), biomassa (3,5%) e solar (0,4%).
    Da nova capacidade de geração instalada em 2009, entre as fontes renováveis a energia eólica ficou em primeiro, com 37,1%, seguida por fotovoltaica (21%), biomassa (2,1%), hidrelétrica (1,4%) e energia solar concentrada (0,4%), sistema que usa lentes ou espelhos para concentrar uma grande área de luz solar.
    Com relação às fontes de geração não renováveis, da capacidade instalada em 2009 o gás ficou em primeiro, com 24%, seguido pelo carvão (8,7%), óleo (2,1%), incineração de lixo (1,6%) e energia nuclear (1,6%).
    Se as taxas de crescimento atuais forem mantidas, em 2020 até 1400 TWh de eletricidade poderá ser gerada a partir de fontes renováveis, aponta o relatório. Isso representaria de 35% a 40% do consumo de eletricidade geral estimado para os países que compõem a União Europeia.
    A energia eólica é destacada no documento, tendo superado já em 2009, com uma capacidade instalada total superior a 74 gigawatts-hora (GWh), a meta estabelecida anteriormente para 2010, de 40 GWh. Agora, a European Wind Association estabeleceu uma nova meta: de ter uma capacidade instalada de 230 GWh até 2020.
    Outro destaque é a energia de biomassa. De acordo com o relatório da UE, se as taxas de crescimento atuais forem mantidas, a eletricidade dessa fonte poderá dobrar de 2008 a 2010, de 108 TWh para 200 TWh de capacidade.
    Quanto à energia fotovoltaica, desde 2003 a capacidade instalada tem dobrado a cada ano. O documento também destaca o potencial da energia solar concentrada. Atualmente, a maioria dos projetos com a nova tecnologia está concentrada na Espanha.
    O relatório 2010 Renewable Energy Snapshots pode ser lido em http://re.jrc.ec.europa.eu/refsys 

    A Luz mais antiga do universo

    Telescópio espacial mostra ‘luz mais antiga’ do universo

    Mapa do céu fotografado pela missão Planck      Foto: ESA, HFI e LFI
    Ao fundo, em magenta e amarelo, vê-se a luz mais antiga do Universo, formada 380 mil anos após o Big Bang
    Ampliar imagem
    A agência espacial europeia divulgou nesta segunda-feira a primeira imagem do cosmos feita pelo telescópio espacial Planck, na qual é possível ver a “luz mais antiga” do universo.
    A luz – chamada de radiação de micro-ondas cósmica de fundo – é associada ao chamado big bang, a grande explosão na qual os cientistas acreditam que o universo foi criado, há cerca de 14 bilhões de anos.
    A parte central da foto é dominada por grandes porções da nossa galáxia, a Via Láctea. A linha horizontal brilhante atravessando a imagem é o eixo principal da galáxia.
    É nessa região que se formam hoje a maioria das estrelas da Via Láctea, mas como a foto registra apenas luz com comprimentos de onda longos (invisíveis ao olho humano), o que vemos na realidade não são estrelas, e sim o material do qual elas são feitas, poeira e gás.
    Mas a foto também mostra, em magenta e amarelo, a radiação cósmica de fundo.
    Formada 380 mil anos após o Big Bang, essa radiação de calor só pôde circular pelo espaço quando um resfriamento no Universo pós-Big Bang permitiu a formação de átomos de hidrogênio.
    Os cientistas dizem que, antes desse estágio, o cosmos era tão quente que matéria e radiação estavam "fundidas". O Universo, seria, então, opaco.
    Rascunho
    Os instrumentos do Planck podem detectar variações de temperatura nessa radiação antiga que auxiliam a compreensão da estrutura do Universo no momento de sua formação e que são uma espécie de rascunho de tudo o que se sucedeu depois.
    Foram necessários mais de seis meses para que o telescópio espacial conseguisse montar o mapa.
    O Planck, lançado ao espaço em maio do ano passado, já está montando uma segunda versão do mapa. A idéia é que ele faça pelo menos quatro versões.
    Os cientistas vão precisar de tempo para analisar todas as informações e avaliar suas implicações. A divulgação formal de imagens completas da radiação cósmica de fundo e de análises científicas sobre elas não deve acontecer antes do fim de 2012.
    Segundo os pesquisadores, as informações coletadas constituem um banco de dados extraordinário, que os ajudará a compreender melhor como o Universo adquiriu a aparência que tem hoje.
    "É uma foto espetacular, uma coisa linda", disse à BBC Jan Tauber, um dos cientistas da missão Planck.
    FONTE:

    domingo, 4 de julho de 2010

    Química recebe prêmio



    Química apoiada e premiada
    Andreza Cristina Souza Silva (dir.), ganhadora do Prêmio CRQ-IV na categoria Química de Nível Superior, com sua orientadora Ana Maria Pires (foto: divulgação)

    Especiais

    Química apoiada e premiada

    2/7/2010
    Por Fábio Reynol
    Agência FAPESP – Das quatro categorias do Prêmio CRQ-IV, concedido pelo Conselho Regional de Química – 4ª Região, três foram vencidas por trabalhos apoiados pela FAPESP. O prêmio contemplou trabalhos realizados em 2009.
    A entrega do prêmio, realizada em junho, envolveu a concessão de um certificado e a importância de R$ 8 mil ao estudante vencedor de cada categoria, e de R$ 3.750 ao seu orientador.
    A categoria Química de Nível Superior foi vencida por Andreza Cristina Souza Silva, que teve Bolsa de Iniciação Científica da FAPESP. Graduada em química pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), ela participou com o trabalho “Íons terras-raras como sondas estruturais: investigação da influência de íons terras-raras na dopagem do semicondutor Zn7Sb2O12”.
    “O apoio da FAPESP foi fundamental para essa conquista”, disse Ana Maria Pires, professora do Departamento de Química, Física e Biologia da Unesp, que orientou Andreza junto com o professor Marcos Augusto de Lima Nobre, do mesmo departamento.
    “O trabalho de Andreza foi considerado profundo para uma pesquisa de iniciação científica. O rigor da FAPESP na avaliação dos relatórios científicos da bolsa ajudou nesse sentido”, disse Ana Maria à Agência FAPESP. A orientadora também conta com apoio da Fundação, por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, em um projeto com nanomarcadores e sondas luminescentes.
    Edimilson Cândido Leonel, estudante da Universidade de Franca (Unifran), apresentou o trabalho “Aproveitamento da glicerina proveniente da produção de biodiesel na obtenção de adsorventes para Cr3+ de rejeitos de curtumes”, com orientação do professor Paulo Sérgio Calefi, que ficou em primeiro lugar na categoria Engenharia Química.
    O estudo de Leonel foi feito no âmbito do projeto “Materiais híbridos orgânico-inorgânicos derivados de caulinita e ácidos carboxílicos”, coordenado por Calefi e apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
    Bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Leonel desenvolveu um processo no qual combina glicerina, um subproduto da produção de biodiesel, com o mineral caulinita.
    O produto químico resultante foi aplicado com sucesso na remoção de cromo da água descartada por curtumes. Aplicado com a finalidade de dar estabilidade ao couro, o cromo se transforma em um produto nocivo ao se combinar com elementos presentes no solo. “No entanto, ao ser retirado da água, ele pode ser utilizado como suplemento alimentar em ração animal”, explicou Calefi.
    Na categoria Química de Nível Superior com Tecnologia, o primeiro lugar ficou com Anderson de Jesus Bonon, aluno da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), pelo trabalho “Oxidação verde de hidrocarbonetos e produtos naturais catalisada pelo titânio-silicato Ti-MMM-2/H2O2”.
    O objetivo foi desenvolver processos de produção de aromas que resultassem em menos resíduos e, consequentemente, em menor impacto ambiental, segundo explicou o orientador do projeto, Dalmo Mandelli, atualmente professor da Universidade Federal do ABC.
    O trabalho de Bonon foi realizado no âmbito do projeto “Oxidação de compostos orgânicos incluindo produtos naturais catalisada por complexos de metais de transição: Mn, Os e Cu”, que está em fase de conclusão e conta com o apoio de um Auxílio à Pesquisa – Regular da FAPESP.
    O projeto foi realizado em cooperação com Georgiy Shulpin e Oksana Kholdeeva, da Academia Russa de Ciências. “Shulpin chegou a vir ao Brasil graças ao apoio da FAPESP por meio de um Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante”, contou Mandelli.
    A quarta categoria do prêmio, Química de Nível Médio, foi vencida pelos estudantes Francine Pereira Farias, Anderson Aparecido do Prado e Fernanda Aparecida Lopes, da Escola Senai Luiz Simon do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
    Orientados pelo professor José Carlos Mancilha eles desenvolveram o estudo intitulado “Projeto de Produção de Biodiesel em processo contínuo”.
    Destinado a estudantes de cursos técnicos e superiores de química no Estado de São Paulo, o Prêmio CRQ-IV é um concurso anual promovido pelo Conselho Regional de Química – 4ª Região que visa a estimular a pesquisa entre os futuros profissionais da área.
    Mais informações: www.crq4.org.br 

    quinta-feira, 1 de julho de 2010

    Novos fósseis descobertos na África revelam desenvolvimento de organismos multicelulares


    Complexidade primordial
    Fósseis descobertos na África revelam que desenvolvimento de organismos multicelulares teve início há cerca de 2,1 bilhões de anos, muito antes do que se estimava (divulgação)

    Divulgação Científica

    Complexidade primordial

    1/7/2010
    Agência FAPESP – Animais surgiram há pouco mais de meio bilhão de anos, mudando para sempre a biosfera da Terra. Foi a chamada explosão cambriana. Em seguida, a predação, a escavação e todos os outros modos de vida disponíveis e característicos dos animais empurraram a evolução em múltiplas direções.
    Mas os animais não foram os primeiros – e muito menos os únicos – organismos multicelulares. Alguns registros fósseis esparsos indicam a existência de seres que usavam células como seus blocos básicos de sustentação já no fim da era anterior, a Proterozoica, que se estendeu de 2,5 bilhões a cerca de 540 milhões de anos atrás.
    Algumas dessas linhagens iniciais ainda existem, como as algas verdes e vermelhas. Mas essa fase extraordinária na história terrestre, que tanto instiga os cientistas, é muito pouco documentada em registros fósseis. A interpretação das raras evidências descobertas até o momento, notadamente de sedimentos mesoproterozoicos (entre 1,6 bilhão e 1 bilhão de anos atrás), tem sido objeto de grande discussão entre especialistas.
    Agora, um novo capítulo nesse debate acaba de ser aberto. O motivo é a descoberta de pequenos fósseis conservados em xisto no Gabão, na África. Esses fósseis revelam a existência de organismos maiores e mais complexos que cresceram de maneira coordenada (pré-requisito para a multicelularidade) há pelo menos 2,1 bilhões de anos, ou seja, quase no início da era Proterozoica.
    Encontrados em um sítio arqueológico próximo à cidade de Franceville, os fósseis foram considerados de qualidade de preservação inédita para registros do tipo. Na superfície, os fósseis lembram, em sua forma, biscoitos caseiros.
    Por meio da análise em tomografia de raio X de alta resolução, os cientistas observaram uma estrutura em espécies de camadas, com um padrão bem organizado de dobras. Os pesquisadores confirmaram que o carbono no tecido fossilizado foi depositado por meio de processos biológicos.
    Segundo o estudo, publicado na edição desta quinta-feira (1º/7) da revista Nature, os organismos descobertos teriam vivido em água do mar, em ambiente raso e com pouco oxigênio.
    Em comparação com organismos mais simples comuns no início da vida no planeta, tamanhos maiores implicam um modo de vida que demandava mais energia. Respirar oxigênio, como faz o homem, é uma forma mais eficiente de obter energia do que outros processos fisiológicos.
    A era Proterozoica teve dois eventos importantes de grande elevação do oxigênio na atmosfera – e, por consequência, nos oceanos: o primeiro próximo ao início da era (entre 2,45 bilhões e 2,2 bilhões de anos atrás) e o segundo no fim (entre 800 milhões e 540 milhões de anos atrás).
    Segundo Abderrazak El Albani, da Universidade de Poitiers, na França, e colegas, a evolução dos macrofósseis encontrados no Gabão, que representam um passo inicial rumo à multicelularidade e grandes organismos, pode ter se tornado possível pelo primeiro grande influxo de oxigênio no planeta. A explosão cambriana pode ter sido alimentada pela segunda elevação.
    De acordo com os pesquisadores, achava-se que há 2 bilhões de anos a Terra fosse habitada exclusivamente por microrganismos, mas a descoberta dos fósseis no Gabão indica que algo radicalmente novo estava ocorrendo naquele momento: células microscópicas começaram a cooperar entre si de modo a formar unidades maiores, na escala de centímetros.
    A principal dúvida que permanece na história da biosfera é por que os organismos multicelulares precisaram de 1,5 bilhão de anos para tomar a frente na evolução terrestre, assumindo papel dominante na biodiversidade.
    O artigo Large colonial organisms with coordinated growth in oxygenated environments 2.1 Gyr ago(doi:10.1038/nature09166), de Abderrazak El Albani e outros, pode ser lido por assinantes da Nature emwww.nature.com

    obrigado pela visita

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